terça-feira, 1 de maio de 2007

tá bom, tá bom... salta um geminiano que valha então!

Aquela história curta e rápida não vale à pena não, mas acabei lembrando de um geminiano típico e esse sim, vale à pena. Amigo de faculdade, culto e poeta, mas jamais podia contar com ele para qualquer coisa marcada. Ele sempre furava. Devia estar voando em algum outro lugar. Sofria de tendinite devido aos inúmeros e-mails (de 20 páginas cada) que mandava diariamente para seus amigos mais íntimos (uns 50 viventes). Acabou virando um blogueiro de primeira e, dizem, ganha a vida com isso hoje em dia. Enfim, um legítimo filho de mercúrio (cromo, que vazou para a barba ruiva).

Bueno. Eu era uma dessas amigas íntimas. E mais que isso, era cobaia. Ele escrevia poemas (inclusive em francês) para todas as meninas que ele se apaixonava e ele se apaixonava por muitas. Antes de mandar para as moçoilas, me mandava para ver o que eu achava. Ele tinha uma mania de comparar os olhos das vítimas e tinha um talento sem igual para isso. Então todo dia eu lia poemas falando de olhos de tempestade, olhos triangulares misteriosos como pirâmides, olhos de vinho tinto e, claro, olhos de licor de menta, lembra, loulou?

Ninguém merece ficar recebendo poemas lindos sempre para outras né? Eu também queria um poema, uma metáfora que fosse! E ele sempre me tirando para amiga, confidente e fiel e eu idem, vivíamos desabafando um com o outro, destilando nossos venenos cada um com os musos do outro. Tomo a lberdade de postar aqui um trecho de um e-mail que ele me mandou, falando mal de um mancebo meu:
É, mas melhor parar por aqui, senão ficaremos tão prepotentes que nos acharímos os melhores do mundo, concluiremos que não tem ninguém pra nós a não ser nós mesmos, sentiremos uma incontrolável atração, casaremos, teremos filhos chamados fensterseifer mikhailovich (para desespero do cara do cartório de registros) e ainda por cima brigaremos todos os natais e datas especiais para saber se vamos primeiro nos meus ou nos teus pais, porque tu mora depois do Iguatemi e eu depois do Olímpico. Ia ser muito gasto de gasolina, sem contar a comida dos gatos, loucura, loucura!
Apesar desse surto, sempre que conversávamos à sério, dizíamos que amizade é algo sagrado e que não íamos estragar o que tínhamos por impúlsos de luxuria. Sim, ele era pomposo.

Eis que um dia, numa festa no meio do mato, com os superegos prá lá de diluídos ele me puxa para o colo, tira os óculos e me dá AQUELE beijo. Eu, adorando a surpresa, mas já pensando na ressaca moral do dia seguinte:

- E aquele papo de amizade ser algo sagrado?

- Não acredito em amizade entre homem e mulher, Olhos de Uísque.

2 comentários:

Luciana Grings disse...

Ô se lembro!
Lembro também de algumas coisas que recebi por mail algumas vezes... mas eu não tenho tudo guardado não!

Anamein disse...

eu sou canceriana. guardo TUDO.