terça-feira, 8 de maio de 2007

Chama o Oncologista!

Câncer + Câncer = 99% de probabilidade de cacaca. Por quê? Ora, canceriano é o bichinho que mais tem tendência a guardar as coisas para si (as ruins principalmente). Aí tu junta dois que fazem isso e das duas uma: ou uma hora explode, ou um dos dois acaba com uma gastrite, senão ambos! senão coisa pior!

Minha experiência com o ladinho rancoroso dos caranguejos (fora o meu) nem foi com um filho legítimo, e sim, com um pobre coitado que teve o azar de ter lua em câncer (justo a lua, que comanda os sentimentos) e o signo solar em capricórnio (o oposto de câncer).

Pois eis que a cruza de cabrito com caranguejo resolve se apaixonar por essa que vos fala justamente quando eu estava naquela fase adolescente deslumbrada porque começou a chamar a atenção dos mancebos e ele, ao contrário, ainda patinava na fase "patinho feio". Tá, tenho que defender o meu lado. Nunca fui tãããão deslumbrada assim, até porque minha insegurança cancerígena não permite. Mas estava, digamos, numa boa fase. O moço em questão era meu amigo (a meu ver) e me escrevia todo santo dia, e-mails fofíssimos, bilhetinhos na aula, cartinhas... e eu achava extremamente natural aquilo, já que costumo fazer esse tipo de coisa até p/ os postes, que dirá para meus amigos queridos (sim, isso é bem coisa de caranguejo, por isso nem vi a "maldade" por trás). Eis que um belo dia, me chega uma declaração. Uma coisa do tipo "acorda, pára de me ver como amigo que eu quero muito mais que isso", mas em forma de poema. Aiaiai, cacaca. Fudeu a barca como diriam alguns. Porque eu simplesmente NÃO CONSEGUIA enxergar a criatura sem ser como amigo naquela época. Será que por futilidade adolescente de ser pelo fato de ele ser um patinho feio? Não sei, sei que não bateu. E eu fiquei tão constrangida com aquilo tudo que nem sequer respondi o tal e-mail e fui, aos poucos, me afastando, andando de ladinho como uma boa siri fêmea.

SHAME ON ME!

Vários anos se passaram e o Patinho Feio cresceu. E VIROU CISNE. Não, eu não virei um patinho feio, mas é inegável que os anos fizeram muito melhor a ele do que a mim. E eis que o belo cisne então volta ao bando de patos... E a pata aqui, bate os olhinhos e cai de amores. E pior que ele não melhorou só fisicamente. Deixou de ser o bobão da turma, cresceu profissionalmente e, golpe de misericórdia, virou um pé de valsa de primeira!

Não sei se tudo foi capricornianamente calculado ou se foi atração mesmo. O fato é que, logo de chegada, ele já caiu matando para cima de mim, não só sendo receptivo às minhas investidas como eu jamais tinha sido às dele, como atacando de conquistador para o meu lado também. Mas sempre na hora do vamos ver, ele escapava pela tangente, brincando de Matrix, só desviando dos tiros. Ah, não quer? Então tá, também não quero, azar é o teu. Não é porque tu é um cisne agora que eu vou te endeuzar.

Mas o fato é que todas aquelas negativas concomitantes com provocações me instigaram. É, tenho que admitir ele soube jogar a isca dessa vez. E quando eu já tinha quase desistido e voltava aos poucos a tratar ele só como amigo, acontece a seguinte conversa:

Ele - Deixa eu te ver na web cam
Eu - Prá que? Tô com cara de sono.
Ele - Deixa...
Eu - Tá, mala, mas não vai ficar falando das minhas olheiras - ligo a web cam.
Ele - Cansada nada, tá com cara de sapeca, coisa mais querida!
Eu - Sapeca? hahahahaha
Ele - Que que tu tá rindo?
Eu - Nah, ia fazer uma piadinha sobre formas de ser chamada... e sapeca é nova... normalmente eu escuto "safada" ou coisa do genero... mas tu é muito liso, já ia escapar pela tangente e não to afim de me estressar hoje contigo.
Ele - Tu tem um recalque comigo, né?
Eu - Ãhn? Eeeeeeu?
Ele - Tô passando aí para resolver isso AGORA.

E saiu offline. Medo. Achei que em 5 minutos ele entraria online de novo dizendo "ah, te apavorou, né?" Até porque era domingo, duas da manhã. É, em 5 minutos ele apareceu. Na frente da minha casa. Me caiu todos os butiazinho dos bolsos (sic). Fomos para a casa dele "resolver o problema", mas vou contar para vocês... ô bichinho enrolado!!! Vimos jogo de volei na tv, falamos mal dos amigos, bebemos de suco de soja a suco de cevada... e nada... e a madrugada se alongando. Até que lá pelas tantas eu digo: Tá, mas viemos aqui p/ beber ou p/ conversar? E o tal recalque???

Na mesma hora ele me pega pelo braço, me conduz em um bolero - SIM, EU DISSE BOLERO - se afasta e apaga TODAS AS LUZES, me deixando no breu total e sozinha na sala. Aí do nada, vem de surpresa, me pega no colo já aos beijos e me leva p/ o quarto. (Alguém aí escutou sininhos de aleluia? Eu escutei).

Dizem as más linguas que expectativa demais dá dor de barriga e nesse caso não foi diferente. Alguns dias depois, saímos de novo. Ele ainda mais galante, cantando, fazendo massagem, jogando na parede, chamando de lagartixa... mas não adianta. Quando o medo de perder uma amizade é alto e a expectativa é grande, não tem nada que dê jeito.

A despeito disso, eu já estava completamente babando por ele e esse medo, receio ou sei lá o que só deixava o instinto maternal canceriano à flor da pele, querendo cuidar, ajudar e confortar o menininho indefeso. Que que eu fiz? Cravei minhas pinças nele e grudei (shame on me again). E ele? Fugiu sirizisticamente de ladinho, tendo a pachorra ainda de dizer a seguinte frase: "Agora é a tua vez de ver como é que é."

É... não sei se ele chegou realmente se atrair por mim desta vez e a fuga tenha se dado como uma forma de defesa para não se machucar de novo ou não perder a amizade mais uma vez (defesa caprina com casca de siri de apoio). E não sei se isso tudo foi premeditado para me fazer cair de amores e depois me derrubar de vez e se vingar. O fato é que em ambas alternativas, o que falou mais alto foi o tal rancor canceriano. Dizem que elefantes não esquecem, mas quem inventou isso, não conhecia ou pelo menos nunca havia magoado um caranguejo!

2 comentários:

Luciana Grings disse...

Não eram sininhos de aleluia, era um rebanho de vacas holandesas passando.
E essa frase final está uma pérola.

Anamein disse...

Hahahahahahahhaahhahahaha

imaginei a cena e tive um surto