quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Resoluções de fim de ano

Há algum tempo que me identifico com os textos e opiniões dessa que já virou a voz no nosso inconsciente por aqui. Mas esse texto abaixo e um trechinho de outro que colo depois, arrastou todas as fichas! Gostaria de ter força para dizer tantos nãos quanto forem necessários daqui para frente. Inclusive para mim mesma.


Noooooooooooooooooooot

Não sei se isso dura muito, mas preciso confessar que ultimamente minha palavra predileta tem sido: não. Não aquele “não” que aprendemos a falar desde pequenininhas para valorizar o nosso “passe”. Nossa mãe, avó, nosso pai, tio, amigo, irmão, vizinho. Todo mundo adora ensinar a uma mulher a importância de fazer charme e nunca aceitar nada, de sorvete a casamento, de primeira. Mas meu “não” é mais para o verdadeiro e autêntico “não” das crianças. Daqueles que vêm do fundo
da alma e da convicção. Não é nem jogo nem medo. É fácil, óbvio e transparente.

“Você quer sair comigo?”, pergunta um cara absurdamente inteligente, bonito, mas com namorada. Não. “Você quer viajar comigo?”, pergunta aquele ex-casinho com o corpo mais bonito que eu já vi na minha vida, o melhor beijo dos últimos 100 anos, mas seis anos mais novo que eu e obcecado pela “molecada da facu”. Não. “Você me dá seu telefone?”, pergunta o cara que já pediu o telefone de metade da festa. Não. Aliás, eu nem fui nessa festa. Eu disse que não.

Como diria aquela música “só quero saber do que pode dar certo, não tenho tempo a perder”, eu criei uma certa casca para prazeres fugazes. Vivi 345 deles nos últimos anos e fui feliz, mas pela primeira vez sinto que não tenho mais nenhuma curiosidade a respeito.

Dizem que Buda só virou Buda porque nasceu milionário. É mais fácil abdicar de um mundo de facilidades depois que já experimentamos desse mundo em demasia. Chega.

Eu já sei como é fugir para o banheiro do restaurante. Já sei como é beijar um sem-nome, um nome famoso, o melhor amigo, o inimigo, o namorado da amiga, o amigo do namorado, o chefe, o estagiário. Já sei como é acordar em um lugar estranho. Embaçar o carro. Ir a uma festa e pensar “tirando o moço do caixa e o telão, já beijei tudo o que se mexe nesse lugar”. Nada dessas coisas têm mais graça pra mim.

Mas às vezes me pergunto se estou mesmo certa. Quando vou ao cinema com um casal de amigos que fica se pegando loucamente ao meu lado ou descubro que esfriou
no meio da noite e a manta está na parte mais alta do armário, eu me pergunto se uma aventurinha qualquer não era melhor que nada. Pelo menos te esquenta um pouco e te faz alguma companhia. E lembro do Vinícius que diz “mesmo amor que não compensa é melhor que solidão”.

Mas quando uma “fraquezazinha” vem me visitar, eu encho o peito e digo minha mais recente e sonora frase: “Nãããããããããão”. Já tive aos montes pessoas que não compensam esquentando a cadeira ao lado do cinema, o banco ao lado do carro e o
travesseiro extra da cama. E nem por um minuto senti meu peito aquecido. A gente
até engana os outros de que é feliz, mas por dentro a solidão só aumenta. Estar
com alguém errado é lembrar em dobro a falta que faz alguém certo.

Há um bom tempo eu resolvi que alguém certo só apareceria se eu abrisse mão de todos os errados e soubesse esperar. Resolvi que a energia para atrair alguém bacana tem que ser igualmente bacana e com tanta gente errada na minha vida eu não estava emanando coisas muito boas. Mas tomar uma decisão e segui-la do fundo da alma requer um certo tempo de adaptação. Digamos que um pouco de carência com um restinho de curiosidade tenham me feito dizer, nos últimos anos, alguns “sim” que até me divertiram, mas não levaram minha vida a lugar nenhum. Mas agora sinto que isso mudou. Não porque eu quero que mude, simplesmente porque mudou naturalmente.

Por isso, nesse restinho de ano, inspirada no final dos meus 28 anos (que fecha um ciclo) e no começo do ano 2008 (que cabalisticamente representa o número 1 e o começo de um novo ciclo) eu incorporo meu amigo Borat (quem não viu o filme precisa ver!) e respondo a todos os rapazes, amigos e empregos que não forem verdadeiros, bem intencionados e a fim de me fazer feliz : nooooooooooooooooooooot!

E um pedacinho do texto anterior, dela também:

...Eu quero sim, desde que comecei a entender mais ou menos sobre do que se trata a vida, ter um companheiro. Alguém pra contar e ouvir como foi o dia, fazer carinho, ter vontade de dormir junto, viajar junto, envelhecer junto, crescer junto. Essas coisas românticas que todas as mocinhas e todo mundo, no fundo, no fundo, quer. Ou ao menos vai querer um dia.

Mas desejar essa pessoa é diferente de estar matando cachorro a grito a ponto de pegar o primeiro que aparece. Se eu quisesse estar com qualquer um só pra mostrar pra todo mundo que qualquer um me quis, eu estaria namorando ou casada com várias “espécies” que passaram pela minha vida e até deixaram algo bacana, mas não tinham absolutamente nada a ver comigo: médico interiorano que não me deixava usar batom; poeta frustrado que fazia tudo parecer um filme romântico e na hora de fazer sexo o filme virava a comédia “O piloto sumiu”; playboy americanizado que só falava nos EUA e se vestia como aqueles turistas bobos da Flórida; intelectuais tão intelectuais, mas tão intelectuais que nenhum emprego do mundo era suficiente e eles viviam vendo “Vale a pena ver de novo”; misteriosos que só se faziam de misteriosos por medo de alguém desistir se visse o que tinham por dentro... e por aí vai.

Tudo bem que eu sou muito crítica e realmente não existe a pessoa
mais perfeita do mundo. Mas alguém para merecer o outro lado da sua cama não deveria lhe causar, no mínimo, admiração, tesão, felicidade, paz e vontade de passar o resto da vida ao lado? E isso não se encontra fácil assim, pelo menos eu ainda não encontrei. E, pelo o que eu pude observar na festinha desanimada dos meus inimigos secretos, boa parte deles ainda não tinha encontrado também, apesar deles posarem de bem-sucedidos no amor por medo, justamente, de chegar sozinho a um amigo secreto.

Isso e muito mais aqui

FELIZ 2008!


segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Sorriso da Monalisa


Existem inúmeras teorias a respeito do mítico e misterioso sorriso da monalisa... Eu mesma ja assisti aulas e mais aulas de composição e história da arte e todas versam sobre teorias a respeito de tal sorriso enigmático sem que nenhuma conclusão definitiva tenha surgido. Mas hoje, quando cheguei em casa e tirei a maquiagem e a máscara de mulher segura e bem resolvida, me deparei com um sorriso parecido e acho que matei a charada.


A moçoila tinha acabado de arranjar uma sarna para se coçar, daquelas que dão bastante trabalho, mas que de certa forma, deixe alguma esperaça no ar, motivo pelo qual ela sorri, assim, meio sem certeza.


Não duvidem... a "mona" sabe o quao especial, bonita e única que ela é, mas talvez justamente para pôr isso à prova as vezes, ela resolve escolher um sujeitinhos complicados, que a deixam com uma pulga atrás da orelha e aquela incerteza se deve chorar pelo fracasso ou sorrir pela vitória.


Aí ela escolhe a dedo (podre) aquele cara mais lindo, mais charmoso, mais gentleman, mais estiloso, inteligente, cavalheiro, tchururu, tudo de bom e, claro, mais concorrido e invariavelmente, mais psicologicamente perturbado. Exatamente como ela.


O carinha esse é ótimo em tudo, principalmente em deixa-la insegura de suas qualidades, até porque ele mesmo é inseguro e a melhor defesa sempre é o ataque ou... sei lá, dois inseguros sem razão de ser sempre se atraem... empatia? ironia divina? Não sei. Mas nada deixa uma monalisa mais interrogacioneforme do que um homem quase perfeito, que vive se depreciando, mas que ao mesmo tempo deixa bem claro que sabe que o adoramos secretamente (ou não tão secretamente assim) e que não é indiferente à isso, embora tenha plena certeza de que não mereça. Aí esse mesmo homem vai te colocar num pedestal, vai dizer que não quer sair de perto de ti, que tu é uma das pessoas que ele mais admira e que lembra todas as mulheres que ele já amou de verdade, pela energia, pelo sorriso, pelo magnetismo.


E quando o teu lado monalisa tá quase escancarando um sorrisão no maior estilo Bozo quando ele te liga pela terceira vez no dia com uma desculpa esfarrapada qualquer, vem o tombo. Tu descobre que ele já está envolvido com outra que é exatamente o teu oposto. Quieta, sem sal, açucar e muito menos pimenta, que não inspira magnetismo algum e que ainda por cima, controla, faz chantagens e joguinhos baixos (tipicos de escorpioninos, aquele bichinho que eu já disse antes, sempre me fizeram mal).


E mesmo com toda essa encrenca, algum instinto kamikase te faz ir em frente. E aí tu te vê descumprindo tudo aquilo que tu prometeu para o espelho indo por água abaixo, tudo na tentativa de fazê-lo ver, ou relembrar, que um bom tempero sempre deixa a vida melhor do que uma dieta insossa. Porque se ele te acha tão maravilhosa assim, é impossível ele continuar preferindo a outra. Tu é tão legal, tão bem resolvida, tão desprendida que jura que não vai controla-lo (como a outra faz), tão amiga, companheira e ao mesmo tempo tãaaao cheia de algo mais. Só estando cego para ainda assim preferir a outra, que entra muda, sai calada, coleciona inimizades e pudores.


Então a mona vai à luta, mostra a que veio e tudo o que sabe. Dá show de desprendimento e parceria, na esperança de que dessa vez, o mundo vai ser justo e ele vai perceber de verdade que se ela é tão legal, não tem poque ficar com uma cópia barata. Poxa, será insegurança dele? Será que ele não se acha suficientemente bom para ter uma monalisa e por isso compra uma pintura barata e sem vida? É medo de que a obra ofusque o seu brilho? Quando é que ele vai se dar conta que um David de Michelangelo jamais pode ser apagado por qualquer obra, mesmo a Monalisa e que ambos podem brilhar juntos nos corredores do Louvre? Ele não precisa estar com alguém menor que ele para ser mais seguro! Mona grita isso para ele de todas as formas possíveis e espera que dessa vez ele escute. Ela tem esperança de que o mundo seja um lugar mais lógico e sorri ao pensar que é uma batalha ganha. Mas ao mesmo tempo ela chora, fica séria e resignada ao lembrar que não, o mundo não é logico, nem justo e muito menos coerente e que por mais maravilhosa e especial que ela seja, ele vai se envolver com a pintura barata e sem perigos.


Aí, depois de entregar tudo o que tem numa bandeja, Monalisa se olha no espelho e chora por ter jogado toda sua auto-estima no colo do primeiro David que aparece. Já duvida de seu potencial e acha que a tal pintura barata pode ser uma afrodite ainda não descoberta. Mas aí ela lembra que foi ela mesma quem lhe impôs esse desafio ao ego. E num misto de esperança e tristeza, enigmaticamente sorri.




sábado, 1 de dezembro de 2007

A história de Arlindo (não o Orlando)

Eu conheci um cara certa vez que combinava duas características de alto grau de compatibilidade: era um safardana de marca maior, e eu não queria nada com ele, nem ele comigo. Era só meu conhecido. Bingo!
Eis que andam me ocorrendo eventos de natureza 129% safardanas, então me lembrei duma história lapidar desse sujeito. Não o vejo há muitos anos, e portanto nem sei se ele tomou rumo na vida.
Mas chamemos o moçoilo de Arlindo. O Arlindo era todo metido a galanteador, daqueles que procura o nome dos garçons e garçonetes nos crachás, só pra ter o prazer de chamá-los olhando nos olhos, como se fosse a maior demonstração de consideração do mundo. Está tripudiando no sujeito, mas chamando pelo nome.
Pois o Arlindo tinha uma namorada tipo modelo exportação. Linda. E até onde me consta, inteligente. O Arlindo, se não era nenhuma beldade, não era de todo péssimo. E tinha aquela cara de canalha que arrasa qualquer mulher na fase mais militante.
Acontece que a natureza safada do Arlindo falava mais alto diversas vezes ao mês, e numa dessas vezes ela buzinou más idéias numa festa em que a namorada do Arlindo não estava - mas a melhor amiga dela sim. E dando sopa, pra delírio da galera da geral.
Alguém da geral, dias depois, foi lá e deu o serviço pra namorada. E por esses acasos do destino, ou pela vontade da geral ver o circo pegar fogo mesmo, contaram pro Arlindo que a dita já estava sabendo.
O Arlindo, que era o canalha típico, se apavorou, ligou pra fulaninha lá, acho até que pra combinar qual ia ser o discurso, e rumou pra casa da namorada pra tentar consertar o estrago. Evidentemente, a canalhice suprema não estaria completa se ele não tivesse aproveitado o vendedor de rosas transgênicas da esquina e comprado não um, mas DOIS buquês. Dez paus. Ele achou que um investimento de dez reais em botôes de rosas iriam apaziguar a fúria da modelo-tipo-exportação.
Bateu na porta da casa da furiosa, com as flores numa mão e o celular na outra. A mocinha abriu a porta, - ah como eu queria ter visto isso!! - fechou a cara, mirou direto no telefone. Passou a mão e olhou as ligações para, há!, dar de cara com a última ligação dele pra terceira lá.
Atirou o telefone na parede oposta, agarrou as flores, jogou na lata do lixo ao lado e acabou com a cara de estupefato do nosso herói com um DIRETO, bem no meio do nariz.
E fechou a porta no que sobrou da cara dele.
Que ficou aborrecidíssimo ao ver seus dez reais indo pro lixo.

***
Tá, agora duas historinhas de meu próprio protagonismo.

Fui viajar e passei uma semana na mesma cidade de um cara que, pela internet, é puro papo firme. Dei a ele praticamente todo o meu roteiro, para que finalmente a coisa saísse do papo e partisse pra prática efetiva.
O rapaz esperou até o dia da minha volta para puxar papo de novo. Quando anunciei que estava indo dar um passeiozinho antes de ir para o aeroporto, o sujeito se auto-intitulou convidado para o evento e vem com a pérola "bem, se eu quisesse te ver mesmo já teria providenciado isso antes".
Enquanto pensava em quem é que tinha convidado a criatura, respondi com "é por isso que eu nem me preocupei". E ele "é, nem eu".
Vinte minutos depois, chega a mensagem no celular: "Boa viagem, te cuida".
Ah, se consciência pesasse!!

A outra historinha é quase uma anedota de tão inacreditável.
Encontrei o sujeito online numa tarde dessas e ele propôs sair do trabalho e vir me encontrar, com uma tábua de frios. Me coube providenciar o vinho. Modéstia à parte, mandei muito bem. Um belo tinto, encorpado, com uma cor lindíssima.
Dez da noite, e o sujeito ainda lá, trabalhando. E eu esperando, com a casa arrumada, banho tomado, todas essas merdas que a gente devia fazer por nós mesmas, mas na verdade acaba sempre fazendo por eles.
Lá pelas tantas ele simplesmente manda "vou nessa, bjs".
E foi embora - para onde? Só Deus sabe!