domingo, 23 de novembro de 2008

Treinamento

Respira, concentra, 1, 2, 3...

mantenha as expectativas baixas...
mantenha as expectativas baixas...
mantenha as expectativas baixas...
mantenha as expectativas baixas...

... tão difícil isso quando o que aconteceu superou todas as expectativas...

mas vamo lá... respirando fundo... 1, 2, 3... concentra...

oooowmmmmm

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Amor forjado a fuego lento

Lembro nitidamente, como se já não tivessem se passado mais de seis anos. Ele entrou, com aquele sorriso tão branco e franco, aquele ar de menino que sabe que é lindo, mas é inseguro demais para admitir... Lembro de detalhes mínimos, como o tom exato da camisa salmão, o brinco na orelha esquerda, o pescoço e os dedos longos. Se aquilo não foi paixão à primeira vista, diria que foi a melhor primeira impressão que poderia ficar. 

Corta para hoje à tarde. Chimarrão entre amigas, conversa sobre dores, amores e assemelhados, conto como nos conhecemos e o que rolou até então até nosso último encontro, meses atrás. A outra diz:

- Vocês ainda vão casar! É amor à quinquagésima vista... moldado aos poucos, com amizade e respeito, a melhor coisa que existe.

- Capaz... - não-gaúchos, esse "capaz" aqui foi usado na conotação usual do gauchês clássico. Maiores informações aqui , que por sua vez foi tirado daqui.

- Por que não?

É... e por que não? Afinal? Quais são os ingredientes essenciais do amor? Afeto (temos), respeito (temos), tesão (ô!), amizade (sempre), cumplicidade (sim), empatia (desde o início), sinceridade (até demais), gostos, sonhos e vontades semelhantes (sim, a maioria sim), tempo e conhecimento (6 anos?). Humm acho que temos quase tudo, então o que falta?

Na verdade, sobram 1500km que nos separam e que, ao menos a parte que me toca, nunca me permitiram me entregar totalmente a esse sentimento por medo de sofrer com a distância. Em 6 anos, estivemos juntos fisicamente, muito poucas vezes, porém, sempre presentes um na vida do outro. Não ficamos mais de uma semana sem ao menos um "alô", temos uma cumplicidade enorme e dividimos sempre nossos momentos de alegrias e de tristezas. Durante esse tempo, obviamente que cada um teve inúmeras relações com outras pessoas, relações sérias, passageiras, boas ou ruins e sempre conversamos sobre elas nos aconselhamos, contamos nossos sonhos e frustrações. 

Trocamos intimidades inconfessáveis, crimes imperdoáveis e desejos impublicáveis. Poderia ter virado apenas uma relação de amizade, não fosse a moleza no joelho quando estamos perto, o estado febril quando nos tocamos e o encaixe perfeito dos meus dedos nas curvas do seu cabelo e dos seus braços (e abraços) nas minhas costas. E então, quando de longe ele chora por mais uma desilusão e me diz que quer muito encontrar alguém com tais e tais características, vejo que me enquadro em todas elas e me pergunto "por que não eu?". E quando eu choro com ele por mais uma decepção e penso em tudo o que eu gostaria de encontrar em um companheiro, vejo que ele tem tudo o que eu sempre procurei e me pergunto "por que não ele?" 

O fato é que somos românticos demais para acreditar que o amor não deva começar de forma avassaladora. E somos céticos demais para acreditar que uma relação possa sobreviver a essa distancia. 

Mas quem sabe o que o futuro nos reserva e talvez todo esse turbilhão de relações mal sucedidas (e compartilhadas) sirvam para nos unir um dia, se a distância deixar de existir. Ou quem sabe um dia a gente resolva investir e arriscar e veja que só combinávamos porque de fato não convivíamos e que a realidade é bem diferente dos encontros fugazes de "lua-de-mel" que tivemos. Seja lá qual for a resposta, a cada novo contato, a cada lembrança de cheiro ou toque, cada vez mais tenho vontade de apostar e ver no que dá. Por que não?