sábado, 4 de abril de 2009

E a censura come solta...

Já que tive de banir este do blog "público", por assim dizer, vem pra cá.
Estou me sentindo de volta aos anos 70. Daqui a pouco algum fiscal do Doi-CODI ou do SNI bate aqui em casa.


Não há a menor delicadeza na abordagem dele. Ele já chega chegando. Envolve pela cintura, puxa o cabelo, resfolega na nuca. Ele alterna no vocabulário o uso de "fazer amor" e "comer" - mas "comer" é sempre num contexto cômico, despojado, pra não ser levado a sério mesmo. Jamais usa os termos "trepar" ou "transar", embora seja a melhor definição para o que ele faz. Não há amor, nem carinho. É um Che Guevara que guardou a ternura numa gaveta: a que ele abre depois que tudo acaba.
Até lá, espere pelos gemidos, pelos elogios, pela pegada pesada. Há que cavalgar, sempre rápido, sempre forte, nem sempre entre quatro paredes, mas fora do campo de atuação de qualquer voyeur. Há que ser dominada, ficar de quatro, de costas, de joelhos, submissa e soberana ao mesmo tempo. Ele se dá, se doa, se diz todo seu. E antecipa o gozo, de olhos fechados. Goza e sai, rápido, mas não abandona.
Aí sim, abrem-se as portas para o homem afetuoso, que abraça e beija como se fosse o último adeus. Que afaga enquanto recupera a respiração, que levanta sedento e bebe da própria garrafa a água que recompõe. Era só o primeiro ato; dali a quinze minutos o espetáculo recomeça.