domingo, 19 de agosto de 2007

Para ilustrar tudo isso que disse hoje

Uma musiquinha que um amigo mandou e caiu como uma luva. Vai o clipe também, que não tem nada a ver com o pastel, mas serve p/ escutar música, tão bonitinha...


I'll try anything once - the strokes

Ten decisions shape your life,
you'll be aware of 5 about,
7 ways to go through school,
either you're noticed or left out,
7 ways to get ahead,
7 reasons to drop round,
when i said ' I can see me in your eyes',
you said 'I can see you in my bed',
that's not just friendship that's romance too,
you like music we can dance to,

Sit me down,
Shut me up,
i'll calm down,
and i'll get along with you,

There is a time when we all fail,
some people take it pretty well,
some take it all out on themselves,
some they just take it out on friends,
oh everybody plays the game,
and if you don't you're called insane,

Don't don't don't don't it's not safe no more,
i've got to see you one more time,
soon you were born,
in 1984,

Sit me down,
shut me up,
i'll calm down,
and i'll get along with you,

Everybody was well dressed,
and everybody was a mess,
6 things without fail you must do,
so that your woman loves just you,
oh all the girls played mental games,
and all the guys were dressed the same,

Why not try it all,
if you only remember it once,
oooh ooooooh,

Sit me down,
shut me up,
i'll calm down,
and i'll get along with you

Dona flor

E eis que no afã de querer ser tratada como as donzelas por aí, me vejo na situação de ser disputada por dois cavalheiros, amigos, diga-se de passagem. E foi bonita a peleia. O duelo, claro, não podia deixar de ser, foi na base da dança. E eu ali, rodopiando entre os dois, esperando que o mais apto vencesse.

Até que... touché! Numa parada da música, um passo daqueles caidinhos e um beijo cinematográfico, luta vencida, levou a donzela. O outro, bom perdedor, soube se portar tão bem que na hora já me arrependi da escolha. Não falou nada, só nos abraçou disse que era muito grato por eu ter entrado na vida dele (mas vi nos olhos a decepção por ter sido só isso)e foi embora.

Duas horas depois, ele liga para o amigo.

- Não consigo dormir, tu cuidou bem dela?
- Tô cuidando
(até tava, no momento)

- Cara, não faz bobagem. Ela não é pra brincadeira, cuida dela, CUIDA CUIDA CUIDA, não rateia. CUIDA DELA, TÁ?

E no dia seguinte, o "cavalheiro vencedor" se mostrou ser um ogro, daqueles bem feios que são capazes de dizer "quer romance? vai ler um livro", sem ter sido sequer questionado sobre qualquer coisa a respeito. Cadê o cuidado? Ogro e capricorniano, eu devia ter suspeitado.

É, péssima escolha a minha, justo eu que queria tanto cuidado, abandonei aquele que queria tanto me proteger. Da próxima vez não serei tão darwiniana, não cairei nessa armadilha de escolher o mais apto... pode realmente ser uma canoa furada. E eu afundei.

Mas, como diria um amigo meu, se existem 10 decisões que moldam a tua vida, pelo menos umas 6, tu só vai saber depois de ter decidido da forma errada.

Ei, dá pra voltar a fita?

Mutante

Queria ser mais mulherzinha, dessas de forno e fogão, dessas que dão xilique, que fazem ceninhas de ciúme, fazem beiço, choram e fazem manha. Queria ter o talento de fingir que sou pura e santa até lá pelo terceiro ou quinto encontro - não é essa a regra? - mesmo já estando subindo pelas paredes depois da primeira pegada de jeito, queria poder dizer "tira a mão" e que isso soasse natural e até bonitinho. Queria parecer frágil, inspirar respeito e cuidado.

Ao contrário disso, eu não faço cena, não sou santa, não poso de ingênua. Se tenho vontade, vou lá e faço, seja o primeiro ou décimo encontro. Pra que hipocrisia de fingir que "ai, hoje não"? Pra que joguinhos? Não sei, nem nunca soube blefar. Aí quando o sujeito chega e diz: "olha, quero ficar solteiro, vamos com calma." Eu digo "claro, tu tem todo o espaço do mundo e eu também, o que tiver de ser será". Mas pelo jeito a atitude blefe deveria ser "o queeee? entaõ tá, tchau pra quem fica", dar as costas e contar até dez, que o mancebo viria correndo. Mas não sei fazer isso.

Engraçado que a maioria dos homens diz que queria ter ao lado, uma mulher independente, que gostasse de sexo e não tivesse medo de demonstrar isso, uma mulher que fosse decidida, que não pressionasse e que não fizesse drama. E realmente, das experiências que tive, elogios não faltaram. Me admiram, me têm como referência, aprendem comigo e voltam sempre. Mas casam com as mulherzinhas que fazem beiço, donzelas que precisam de cavalheiros que as salvem e cuidem delas.

Será que ser verdadeira assusta os homens? Será que não depender deles e não ter medo de mostrar o que quer e o que sabe deixa eles inseguros? Poxa! Eu também queria ser cuidada! Também queria um cavalheiro que me salvasse, sem ter que fazer teatrinho para conseguir isso. Cansei de ser amante, admirada, mas descartável. Cansei de ouvir impropérios como "eu te adoro, tu é insubstituível, a melhor de todas nisso ou naquilo, mas tu não é namorável". E não, não pensem que eu sou uma vagabunda, vulgar ou qualquer coisa assim. Sou uma dama sim, mas não finjo ser donzela e isso, pelo jeito, dá medo neles. Será que eles temem a comparação? Temem não serem bons o bastante? Temem não serem realmente necessários e então abandonados? Aquela coisa de "melhor chutar do que ser chutado"...

when i said ' I can see me in your eyes,
you said 'I can see you in my bed


Cansei. Quero alguém que me cuide, de verdade, que me deixe ser vulnerável e não me machuque por isso. Mas não quero ter que fingir ser o que não sou ou lançar mão de joguinhos para conseguir isso. Será tão difícil? Precisa ser um homem de verdade, que tome as rédeas sem medo e sem se sentir intimidado, sem que para isso eu tenha que me fragilizar artificialmente.

Sit me down
Shut me up
I'll calm down
And I'll get along with you



!@#$%^&*()
O CONTRAPONTO

Seguinte: as culpadas somos nós, mulheres.
Somos nós que educamos nossos homens para quererem para si clones de suas mães. E a boa mãe não trepa! A boa mãe lida com a sexualidade do filho do modo mais maternal possível até que Édipo seja tão-somente aquele personagem do Felipe Camargo que o fez casar com a Vera Fischer.
A boa mãe é dócil, e cozinha, e arruma a cama, e dá remedinho na doença, e controla as namoradas do filho. Entendeu? AS NAMORADAS. A mãe é santa e pura e casta e fica de olho nas vagabundas que são sempre um produto do que há do lado de fora do recôndito do lar.
Do mesmo modo, somos nós, mulheres, que educamos nossas mulheres para continuar perpetuando esse comportamento. Ainda criamos nossas meninas num modelo repressor. Liberdade sexual? Bah-lela. Parafraseando umas jornalistas que li, boas meninas não confessam que estão no cio.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

A Pegada

Oh céus. O Dia do Orgasmo passou em branco neste blog, numa clara demonstração de que a nossa vidinha anda no mais completo marasmo.

Mas enfim, pra mostrar que esta que vos fala é uma pensadora absolutamente ligada com as questões contemporâneas, comecei a escrever lá em maio um rascunho de texto intitulado "A Pegada". Dizia o seguinte:

"Não foi preciso simpósio, congresso, convenção ou teleconferência pra se estabelecer o mais absoluto consenso: a gente gosta mesmo é de homem com pegada.
O que não é consenso é que precisamos de alguns quilômetros rodados pra perceber isso.
Gentileza é tudo na vida: literalmente, abre portas, estende a mão, cuida de nós. Mas na hora do vamos ver, quem é que quer gentileza?
A gente quer mesmo é aquela mão firme nas costas, aquele braço enlaçando sem pestanejar, os dedos enroscados nos nossos cabelos - curtos ou longos, que diferença faz pra quem tem pegada?
Quem de nós quer alguém pedindo licença? 'Posso te dar um beijo no pescoço?' 'Posso morder a tua orelha de leve?' 'Posso te encostar nessa parede?'
Nah. O negócio é mandar ver. Depois a gente vê no que deu, recolhe os mortos e feridos, bota band-aid e pancake que resolve."

Arquivei para momento oportuno.
E eis que o momento oportuno piscou na minha cara no Globo de sábado, eu acho.
Matéria intitulada "Elas querem é pegada", de autoria de Graça Magalhães-Ruether, correspondente em Berlim:

"A mulher, mesmo a emancipada, gosta de ser subjugada sexualmente pelo homem." A declaração é da precursora do feminismo na Alemanha, a psiquiatra e psicanalista Margarete Mitscherlich, hoje com 90 anos, que acaba de participar do 45. Congresso da Associação Internacional Psicanalítica, que termina hoje em Berlim. Foi o primeiro encontro do gênero realizado na Alemanha desde a SEgunda Guerra Mundial.
Logo depois de pronunciar a frase polêmica, Margarete ri e pede um favor: - Não me interprete de forma errada, o que eu disse é complicado, porque não significa que a mulher goste de um homem bruto que a violente. Mas ela gosta, sim, de um homem que mostre, de maneira forte, que está interessado nela.
As conclusões ela tirou durante as décadas em que atendeu mulheres e homens em seu divã no Instituto Sigmund Freud, fundado por ela e o marido Alexander Mitscherlich, morto em 1982, com quem ainda escreveu "A incapacidade para o luto", um best-seller que foi a primeira obra a se ocupar com a psique dos alemães depois da guerra. Apesar da idade e de um andador que usa para caminhar, seu rosto tem aparência jovial. A mente nem se fala. Margarete ainda dá palestras e garante que faz três sessões de análise por semana, no Instituto fundado por ela, que fica perto da sua casa.
Especialista no legado de Freud - "ele foi genial porque foi o primeiro a descobrir que as pessoas têm uma psique, que as mulheres gostam tanto de sexo quanto os homens, o primeiro feminista", diz - ela acha o pai da psicanálise ainda bastante atual. Explica que, na sociedade machista que existia antes da teoria freudiana, a mulher precisava, pelo menos nas impressões que deixava transparecer, gerar seus filhos como se fosse "uma imaculada".
E hoje? Margarete Mitscherlich, que foi recentemente autobiografada por duas jornalistas alemãs, defende uma certa característica "animalesca" nas relações sexuais, desde que ocorra por interesse livre dos dois.
Mas esse homem capaz de se import sexualmente - com uma bela pegada, como se diria no Brasil - é um animal ameaçado de extinção. Para a famosa psicanalista no entanto, a culpa não é do feminismo que tanto analisou ao longo de sua vida, mas sim de uma tendência geral da sociedade, que está se "feminilizando".
- Os homens estão cada vez mais adotando qualidades positivas da mulher, como cordialidade, paciência, compreensão, piedade.
Isso é bom, mas não para o sexo.

E segue.
Me senti uma vanguardista de primeira.
Meninos. Se liguem.