sábado, 1 de dezembro de 2007

A história de Arlindo (não o Orlando)

Eu conheci um cara certa vez que combinava duas características de alto grau de compatibilidade: era um safardana de marca maior, e eu não queria nada com ele, nem ele comigo. Era só meu conhecido. Bingo!
Eis que andam me ocorrendo eventos de natureza 129% safardanas, então me lembrei duma história lapidar desse sujeito. Não o vejo há muitos anos, e portanto nem sei se ele tomou rumo na vida.
Mas chamemos o moçoilo de Arlindo. O Arlindo era todo metido a galanteador, daqueles que procura o nome dos garçons e garçonetes nos crachás, só pra ter o prazer de chamá-los olhando nos olhos, como se fosse a maior demonstração de consideração do mundo. Está tripudiando no sujeito, mas chamando pelo nome.
Pois o Arlindo tinha uma namorada tipo modelo exportação. Linda. E até onde me consta, inteligente. O Arlindo, se não era nenhuma beldade, não era de todo péssimo. E tinha aquela cara de canalha que arrasa qualquer mulher na fase mais militante.
Acontece que a natureza safada do Arlindo falava mais alto diversas vezes ao mês, e numa dessas vezes ela buzinou más idéias numa festa em que a namorada do Arlindo não estava - mas a melhor amiga dela sim. E dando sopa, pra delírio da galera da geral.
Alguém da geral, dias depois, foi lá e deu o serviço pra namorada. E por esses acasos do destino, ou pela vontade da geral ver o circo pegar fogo mesmo, contaram pro Arlindo que a dita já estava sabendo.
O Arlindo, que era o canalha típico, se apavorou, ligou pra fulaninha lá, acho até que pra combinar qual ia ser o discurso, e rumou pra casa da namorada pra tentar consertar o estrago. Evidentemente, a canalhice suprema não estaria completa se ele não tivesse aproveitado o vendedor de rosas transgênicas da esquina e comprado não um, mas DOIS buquês. Dez paus. Ele achou que um investimento de dez reais em botôes de rosas iriam apaziguar a fúria da modelo-tipo-exportação.
Bateu na porta da casa da furiosa, com as flores numa mão e o celular na outra. A mocinha abriu a porta, - ah como eu queria ter visto isso!! - fechou a cara, mirou direto no telefone. Passou a mão e olhou as ligações para, há!, dar de cara com a última ligação dele pra terceira lá.
Atirou o telefone na parede oposta, agarrou as flores, jogou na lata do lixo ao lado e acabou com a cara de estupefato do nosso herói com um DIRETO, bem no meio do nariz.
E fechou a porta no que sobrou da cara dele.
Que ficou aborrecidíssimo ao ver seus dez reais indo pro lixo.

***
Tá, agora duas historinhas de meu próprio protagonismo.

Fui viajar e passei uma semana na mesma cidade de um cara que, pela internet, é puro papo firme. Dei a ele praticamente todo o meu roteiro, para que finalmente a coisa saísse do papo e partisse pra prática efetiva.
O rapaz esperou até o dia da minha volta para puxar papo de novo. Quando anunciei que estava indo dar um passeiozinho antes de ir para o aeroporto, o sujeito se auto-intitulou convidado para o evento e vem com a pérola "bem, se eu quisesse te ver mesmo já teria providenciado isso antes".
Enquanto pensava em quem é que tinha convidado a criatura, respondi com "é por isso que eu nem me preocupei". E ele "é, nem eu".
Vinte minutos depois, chega a mensagem no celular: "Boa viagem, te cuida".
Ah, se consciência pesasse!!

A outra historinha é quase uma anedota de tão inacreditável.
Encontrei o sujeito online numa tarde dessas e ele propôs sair do trabalho e vir me encontrar, com uma tábua de frios. Me coube providenciar o vinho. Modéstia à parte, mandei muito bem. Um belo tinto, encorpado, com uma cor lindíssima.
Dez da noite, e o sujeito ainda lá, trabalhando. E eu esperando, com a casa arrumada, banho tomado, todas essas merdas que a gente devia fazer por nós mesmas, mas na verdade acaba sempre fazendo por eles.
Lá pelas tantas ele simplesmente manda "vou nessa, bjs".
E foi embora - para onde? Só Deus sabe!

2 comentários:

Anamein disse...

Tá, flor, eu juro que conhe;co a primeira história, mas meu problema de pouca memoria ram me impede de lembrar quem ó céus!!! Dica, plis! E os outros dois? humpf, típicos arames lisos, assunto do qual temos muito a debater...

Luciana Grings disse...

E eu te juro, de pés juntos e amarrados, que NÃO, tu não conhece.