segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Sorriso da Monalisa


Existem inúmeras teorias a respeito do mítico e misterioso sorriso da monalisa... Eu mesma ja assisti aulas e mais aulas de composição e história da arte e todas versam sobre teorias a respeito de tal sorriso enigmático sem que nenhuma conclusão definitiva tenha surgido. Mas hoje, quando cheguei em casa e tirei a maquiagem e a máscara de mulher segura e bem resolvida, me deparei com um sorriso parecido e acho que matei a charada.


A moçoila tinha acabado de arranjar uma sarna para se coçar, daquelas que dão bastante trabalho, mas que de certa forma, deixe alguma esperaça no ar, motivo pelo qual ela sorri, assim, meio sem certeza.


Não duvidem... a "mona" sabe o quao especial, bonita e única que ela é, mas talvez justamente para pôr isso à prova as vezes, ela resolve escolher um sujeitinhos complicados, que a deixam com uma pulga atrás da orelha e aquela incerteza se deve chorar pelo fracasso ou sorrir pela vitória.


Aí ela escolhe a dedo (podre) aquele cara mais lindo, mais charmoso, mais gentleman, mais estiloso, inteligente, cavalheiro, tchururu, tudo de bom e, claro, mais concorrido e invariavelmente, mais psicologicamente perturbado. Exatamente como ela.


O carinha esse é ótimo em tudo, principalmente em deixa-la insegura de suas qualidades, até porque ele mesmo é inseguro e a melhor defesa sempre é o ataque ou... sei lá, dois inseguros sem razão de ser sempre se atraem... empatia? ironia divina? Não sei. Mas nada deixa uma monalisa mais interrogacioneforme do que um homem quase perfeito, que vive se depreciando, mas que ao mesmo tempo deixa bem claro que sabe que o adoramos secretamente (ou não tão secretamente assim) e que não é indiferente à isso, embora tenha plena certeza de que não mereça. Aí esse mesmo homem vai te colocar num pedestal, vai dizer que não quer sair de perto de ti, que tu é uma das pessoas que ele mais admira e que lembra todas as mulheres que ele já amou de verdade, pela energia, pelo sorriso, pelo magnetismo.


E quando o teu lado monalisa tá quase escancarando um sorrisão no maior estilo Bozo quando ele te liga pela terceira vez no dia com uma desculpa esfarrapada qualquer, vem o tombo. Tu descobre que ele já está envolvido com outra que é exatamente o teu oposto. Quieta, sem sal, açucar e muito menos pimenta, que não inspira magnetismo algum e que ainda por cima, controla, faz chantagens e joguinhos baixos (tipicos de escorpioninos, aquele bichinho que eu já disse antes, sempre me fizeram mal).


E mesmo com toda essa encrenca, algum instinto kamikase te faz ir em frente. E aí tu te vê descumprindo tudo aquilo que tu prometeu para o espelho indo por água abaixo, tudo na tentativa de fazê-lo ver, ou relembrar, que um bom tempero sempre deixa a vida melhor do que uma dieta insossa. Porque se ele te acha tão maravilhosa assim, é impossível ele continuar preferindo a outra. Tu é tão legal, tão bem resolvida, tão desprendida que jura que não vai controla-lo (como a outra faz), tão amiga, companheira e ao mesmo tempo tãaaao cheia de algo mais. Só estando cego para ainda assim preferir a outra, que entra muda, sai calada, coleciona inimizades e pudores.


Então a mona vai à luta, mostra a que veio e tudo o que sabe. Dá show de desprendimento e parceria, na esperança de que dessa vez, o mundo vai ser justo e ele vai perceber de verdade que se ela é tão legal, não tem poque ficar com uma cópia barata. Poxa, será insegurança dele? Será que ele não se acha suficientemente bom para ter uma monalisa e por isso compra uma pintura barata e sem vida? É medo de que a obra ofusque o seu brilho? Quando é que ele vai se dar conta que um David de Michelangelo jamais pode ser apagado por qualquer obra, mesmo a Monalisa e que ambos podem brilhar juntos nos corredores do Louvre? Ele não precisa estar com alguém menor que ele para ser mais seguro! Mona grita isso para ele de todas as formas possíveis e espera que dessa vez ele escute. Ela tem esperança de que o mundo seja um lugar mais lógico e sorri ao pensar que é uma batalha ganha. Mas ao mesmo tempo ela chora, fica séria e resignada ao lembrar que não, o mundo não é logico, nem justo e muito menos coerente e que por mais maravilhosa e especial que ela seja, ele vai se envolver com a pintura barata e sem perigos.


Aí, depois de entregar tudo o que tem numa bandeja, Monalisa se olha no espelho e chora por ter jogado toda sua auto-estima no colo do primeiro David que aparece. Já duvida de seu potencial e acha que a tal pintura barata pode ser uma afrodite ainda não descoberta. Mas aí ela lembra que foi ela mesma quem lhe impôs esse desafio ao ego. E num misto de esperança e tristeza, enigmaticamente sorri.




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